Li
esses dias uma matéria no qual a pedagoga Luciana Alves discute que quando
falamos sobre questões raciais e o próprio racismo, pouco ou quase nunca se
reflete o que ela chama de branquitude, e essa ausência, de acordo com ela, só
faz disseminar o preconceito, e desse modo, estabelecendo que ser branco é ser
superior. De acordo com Luciana Alves, as discussões em questão só tem sentido
quando abordadas também sobre o papel do
branco na nossa sociedade.
Marilena
Chauí, por exemplo, na sua obra intitulada: Brasil- mito fundador e sociedade
autoritária há quem diga que sente orgulho em ser brasileiro, mas que
diariamente, na vida real, diz que nordestino é atrasado, que as mulheres são
burras, os índios são preguiçosos, os negros indolentes etc. Há quem fale também
que se sente indignado com a existência
de crianças de rua, com as chacinas das mesmas; sendo que ao mesmo tempo, se
revela uma sociedade que tolera e admite a existência de milhões de crianças
sem infância, de crianças abandonadas. E mais, ainda que há um discurso
propagado ao longo da história brasileira de que somos um povo ordeiro, e de
que não existe pecado abaixo da linha do Equador e que por conta da
miscigenação é que nos faz um povo rico em cultura e que não há discriminação
racial.
Sobre
a questão da miscigenação, pedagoga afirma que ela é uma temática bastante
discutida, mas o que realmente fica oculto, é que por trás desse debate há uma
maior propagação do preconceito, que como o mito, só faz atualizar o racismo.
De modo a enfatizar como positivo o “ser branco”, em detrimento da negatividade
de “ser negro”.
Em
sua pesquisa, ela verificou que ser branco é não ser negro, e daí percebemos a
carga discriminatória da qual a pedagoga percebeu segundo o ponto de vista de
um de seus entrevistados.
O
ser branco é tido como uma norma padrão da sociedade brasileira. E é possível
ver essa questão, quando em consultas do censo somos questionados quanto a nossa
cor de pele. Muitos afirmam: sou branco! Ou seja, é norma, é padrão!
Dada
essa dificuldade, a pesquisadora sente a emergência de que quando abordados as
questões referentes ao racismo é importante levarmos em conta que tem de ser
discutidos ambos os lados: os negros e os brancos. Pois fica realmente difícil
nos martirizar sobre o papel do negro visto como negativo, sem apontarmos de
fato, como essa negatividade fora implantada pelos brancos. É necessário
refletir sobre essa branquitude que fora se instaurando e tomando forma, mas
que ninguém ousa debater, por ser visto como natural. Tendo em vista que ao
falarmos de ser negro, deixamos de lado o debate de ser branco e perpetuamos
assim o racismo!
É
prioritário refletir essas questões!
Gláucia
Santos de Maria