quinta-feira, 30 de junho de 2011

O que escolher? Eis a questão

Escolha, coerção, engajamento

Jean Paul Sartre, filósofo francês, em sua teoria existencialista, já afirmava: "o homem está condenado a ser livre". Mas este não pode fazer tudo o que quiser, tendo em vista que ele é responsável por aquilo que é, por aquilo que escolhe. A vida é feita de escolhas, a todo tempo estamos escolhendo A ou B, e nesse processo o homem sente angústia. Pois todos nós somos responsáveis por toda a humanidade. Se tomo  a decisão de me matar, acarretará num grande sofrimento de muitos entes; se pelo contrário, me angustio por não dar cabo da minha vida.
Escolher, angustiar-se. Nossas maneiras de agir, pensar e de sentir são determinadas por um controle coersitivo muito grande, de modo que a sociedade toma para si o controle sobre os homens, do que ele deve fazer ou não. As instituições tem esse poder de silenciosamente, mandar e desmandar, nos seus seguidores devotos, mas estes tem o direito e a escolha de seguir ou não determinadas normas impostas. Mas determinadas regras sociais estão tão arraigadas nos indivíduos, que ele optam por agir conforme a sociedade quer que ele seja. Então para mascarar, falsetear, encontra-se em cima do muro: e decide por vestir a "farda do alferes", como no conto "O espelho" de Machado de Assis, ele deixa de ser o "Joãozinho" (o homem) e passa a ser o "senhor alferes" (objeto/coisa): perde sua humanidade e transforma-se em coisa, numa atitude de má-fé; um homem incapaz de tomar suas próprias decisões, tornando-se mera "marionete social".
Por isso que escolhas são difíceis, pois nossa liberdade, como mencionei, depende da dos outros, cada uma de nossas decisões podem levar a determinadadas circunstâncias das quais não há como reverter, mas o homem também não deve ficar no quietismo como o alferes, vivendo conforme a sociedade quer.
Fazendo uma nova digressão, como Santos Dumont poderia imaginar, que sua mente brilhantemente inventiva, capaz de construir o 14 Bis, pudesse se transformar em uma arma numa Grande Guerra? Ele escolheu contruir. Quem escolheu transformar esse invento em um armamento, também fez uma escolha.
E então, qual a melhor maneira de escolher? De que forma a minha liberdade não sobrepuja a do outro? O que fazer então? Cinismo da minha parte em dar a receita: "AS DEZ MELHORES MANEIRAS DE FAZER UMA ESCOLHA CERTA".  Não! Cada um é dono do seu próprio mundo, mas vários mundo formam um imenso, do qual cada um é resposável pelas mazelas da vida, como a pobreza, as doenças, a impunidade... Sabe o que é isso? ESCOLHA! Então, engaje-se!!! Seja um agente ativo que luta por seus ideais, por sua época, que reivindica os problemas sociais... Mas isso é um escolha minha? Pode até ser... Faça as suas próprias escolhas ou não!
"Olhos sujos nos relógios da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça
O tempo é ainda de fezes, maus poemas,
alucinações e espera". (A flor e a náusea-Carlos Drummond de Andrade ) 
Gláucia Santos de Maria

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Tirinha....


Sui e caedere: visão sociológica sobre o suicidio

O que faz um ser humano desejar a sua própria morte? Ao nos perguntarmos dessa forma, nos colocamos com uma realidade humana, discutida por muitos filósofos e estudiosos, em nossa história. Eu como mero acadêmico curioso, descrevo sobre algo que vivenciei, e que me motivou a escrever sobre esse assunto. Algumas vezes quando pensamos nas pessoas que suicidam, imaginamos o individuo no qual teve a brilhante idéia de dar fim à vida. Estava passando por um grave distúrbio mental, e a partir desta irracionalização das idéias, este tornou o suicídio a ferramenta reguladora que daria fim à sua existência. Mas, nem sempre a loucura está por trás do suicídio. Outras vertentes caminham ao lado dessa possibilidade do homem executar o seu próprio fim.
Uma visão sociológica sobre o suicídio é dada pelo sociólogo Émile Durkheim, em sua obra: “O Suicídio”, publicado em 1897, este dá conta de três classificações de suicídios: o egoísta, o altruísta e o anômico. O egoísta é aquela pessoa que se mata para não sofrer mais, é muito comum ocorrer esse caso com indivíduos isolados da vida social, sem nenhum vínculo afetivo que o possa transparecer que a vida é necessária. Para Durkheim, havia uma menor incidência de casos suicidas, com indivíduos que possuíam uma grande família, por haver nesses casos uma integração, que é susceptível, para vida humana. Sem esta integração, uma possível desvalorização da vida pode ser imposta. O altruísta é uma pessoa que se mata para não dar trabalho aos outros. Muito comum ocorrer, estes casos suicidas, com indivíduos com idade avançada ou pessoas com doenças incuráveis, e, além disso, encontramos indivíduos que se matam por um ideal, como nos casos dos homens-bomba.  O anômico se faz referente, nas pessoas que dão fim a sua existência por motivos de desequilíbrio da ordem econômica e social. Um exemplo de suicídio anômico foi a morte do presidente Vargas, que se matou por problemas políticos, que o infligiam a uma possível renúncia do cargo de presidente do Brasil. Este preferiu dar cabo de sua vida.
O suicídio pode está intercalado então com a não integração do ser na humanidade, ou até mesmo a sua socialização ao extremo, colocando este sobre uma carga enorme de responsabilidade, que qualquer problema mais grave reflita no seu social, podem ser o causador de um possível suicídio. De fato Durkheim procurou esclarecer em sua obra “O Suicídio”, um assunto de caráter psicológico, tratado por ele com um fenômeno social. O estudo das religiões o ajudou a contextualizar este parâmetro, e o colocar como fator social. A influência dessa reflexão durkheimiana, que sociologicamente explica estes motivos, no qual o homem dar fim a sua própria vida, me coloca diante da prerrogativa religiosa cristã, onde o suicídio é a desvalorização extrema da vida. Já que o corpo humano é considerado como templo, no qual reside a alma. A vida só pode ser criada e tirada por Deus. A obtenção do livre arbítrio, dado por Deus, torna possível o ser humano por fim na sua vida, se colocando como o autor do seu próprio destino. O que leva a uma pessoa a se matar? É uma imaginação de que todos os problemas serão resolvidos a partir de sua morte. Em partes, podemos dizer que sim, mas não posso concluir que o suicídio seja realmente a solução, como um sábio da internet diria. “Poucos suicidas se atirariam de uma ponte sem ninguém para testemunhar. Os que não são loucos são fracos e só querem um pouco de atenção” (SOMENSI).
Ronyone de Araújo Jeronimo