quinta-feira, 14 de julho de 2011

A Eneida, a saga de um império

Como se surge um império? Não é tão fácil responder sobre uma pergunta dessa magnitude, e sim citar de que forma isso poderia ter acontecido. Um império pode surgir a partir de uma junção de territórios e de povos de uma cultura muito parecida, apesar de que, nem sempre há consenso em um vasto território, sempre há divergências culturais. O jogo político é que determina a concessão de um império. O nascimento em si, vai depender de vários aspectos preponderantes. No caso do império romano, há muitas histórias, sobre a sua origem. Uma delas é a ligação de Roma com Tróia, reino sucumbido pelos gregos, na famosa guerra de Tróia, descrita por Homero em sua epopéia conhecida como a Ilíada. Ao término dessa história, nasce o relato de um sobrevivente da cidade de Príamo, um herói que fica encarregado de reerguer os muros de uma nova Tróia em outro território. Os deuses determinam que este local seja distante, e o território italiano é o escolhido para ser restaurado o reino que decaíra, dessa forma nasceria um império, onde Enéias prometera restaurar a força dardanida e restituir um poder de um povo.
            A queda dos muros de Príamo dera início a uma grande saga, onde o herói Enéias e os refugiados da cidade de Tróia saíram pelo mundo em busca da terra prometida pelos deuses. Uma história repleta de mitologia e de atos de heroísmos constituía a obra de Virgilio, poeta Romano que vivera em um período de grande ascensão cultural. No qual as artes e a literatura estavam em alta, pois possuíam o apoio do Imperador Augusto, que governara o império (43 A.C.-19 D.C.). A paz Octaviana, e a proteção admirável de Mecenas aos artistas e letrados, fora o marco para a difusão de obras como a épica Eneida, que reconstruía um passado glorioso para um império que em seu presente, só possuía glórias. A escrita da Eneida, por parte de Virgilio, cria uma ascendência do povo romano, distanciando estes da cultura helênica, e criando o seu próprio modelo cultural, a cultura latina. Uma afirmação buscada naquele momento, no qual Roma voltava a ser império, a grande epopéia de Virgilio, que ajudara a legitimar o poder de Augusto, que se dizia herdeiro de Enéias, o primeiro dos seus iguais, para não atingir a população romana que em si possuía grande simpatia pelo antigo regime, o republicano. Este adotou esta alcunha e a de príncipe do senado, para não afirmar que propriamente era um imperador, que, no entanto ditava sozinho a sua lei. O patrocínio para escrever a saga de Enéias partira do próprio imperador.
            A Eneida fora concluída no ano 19 do século I. A semelhança da obra de Virgilio com a Ilíada e Odisséia, de Homero, leva-nos a concluir que Virgilio tivera lido a história épica homérica, para construir a história épica latina. Pois as obras possuem um alto índice de analogias, que podemos reparar facilmente lendo as obras. A Eneida é constituída por 12 livros, onde os seis primeiros livros são muito parecidos com A Odisséia. Odisseu e Enéias até parecem à mesma pessoa. Odisseu buscava voltar para Ítaca, local de onde vivia e era senhor. Enquanto Enéias buscava reconstruir sua nova moradia, na terra prometida pelos Deuses, para levantar novamente os muros troianos. Os dois passam por grandes aventuras e angústias, que em alguns momentos levam os dois heróis ao desespero. As duas obras se remetem aos seus nomes: A Odisséia referente ao herói Odisseu, e a Eneida a Enéias. O ponto de partida das duas histórias nasce com o fim da Ilíada. De uma forma ou de outra a cultura helênica continuou presente dentro da cultura latina. É claro que a escrita de Virgilio era diferente da escrita homérica. Virgilio conseguiu expor na Eneida de uma forma poética os motivos pelo quais os Romanos mereciam ser os donos do mundo.  O início da Eneida trás um fragmento que faz refletir sobre isso. “Canto os combates e o herói que, por primeiro, fugindo do destino, veio das plagas de Tróia para a Itália e para as praias de Lavínio. Longo tempo foi o joguete, sobre a terra e sobre o mar, do poder dos deuses superiores, por causa da ira da cruel Juno; durante muito tempo, também, sofreu os males da guerra, antes de fundar uma cidade e de transportar seus deuses para o Lácio: daí surgiu a raça latina e os pais albanos e as muralhas da soberba Roma.” ( pag.11).
Ronyone de Araújo Jeronimo

3 comentários:

  1. Rony, com sua expalanação, fica bem mais fácil compreender alguns pontos da Ilíada, que me aventurei em ler agora durante as férias...

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  2. Parabéns !!
    O texto muito bom... Espero que o casal continue com esse brilhante trabalho..

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  3. Muito obrigado Aline, contamos sempre com você para dialogarmos os textos e aceitamos sugestões. E mais ainda: você pode contribuir para o blog escrevendo algum texto!!!
    Continue visitando o Acadêmicos Curiosos!!!
    Um forte abraço!!! =)

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