sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Os sentidos: representações da memória social

O mundo em que vivemos, está repleto de cheiros, sons, imagens, gostos e atritos. Mas, o que percebemos em grande parte em nosso cotidiano, é o visual, deixando de lado os outros sentidos que movem o homem. Isso não quer dizer que o individuo humano não utilize seus outros sentidos no dia-a-dia. Porém, as maneiras que este desenvolve as suas sensibilidades não são, de certa maneira, apurado, ao que reflete o espaço no qual o seu ser está inserido. Então, são os sentidos que movem nossas práticas habituais, em todos os âmbitos. O exemplo lógico para destacar essa temática é o amor. É diante desta característica humana, que os nossos cinco sentidos se tornam visíveis, o visual nos mostra a pessoa amada; a audição emite a voz que nos acalma e sensibiliza; o olfato permite sentir o cheiro da pessoa que adentrou o seu intimo; o paladar experimenta o gosto da outra boca que pertence ao amado; por ultimo destaco o tato, contato necessário entre corpos que emitem o prazer carnal ou sensível. O exemplo citado coloca os sentidos humanos em uma posição, no qual estes se tornam mais aguçados. O que não ocorre diante de algumas coisas inanimadas, que fazem parte de nossa vida.
Ao destacar os cincos sentidos, como razões que cercam o nosso viver, deslocando das funções que estes são enfatizados em nossa existência. Como algo apenas fisiológico, a que todo ser vivo possui. Assim os seres não vivos não possuiriam os seus cheiros? É a partir desta interrogação, que me apegarei às considerações do historiador brasileiro Durval Muniz Albuquerque Jr, em sua obra “O espaço em cinco sentidos”. No qual, o enredo do seu texto é referente, as maneiras de sentir determinados efeitos de uma forma natural, na qual a visão não seja o único aspecto que possibilite o homem de ver o que está a sua volta.
 As cidades possuem seus cheiros, que nos remetem lembrar locais agradáveis ou até mesmo de locais que não nos agradam. Os sentidos nos trazem memórias boas e ruins. Segundo Albuquerque Jr, as paisagens podem ser construídas a partir da audição, do paladar, do tato e do olfato. A visão seria apenas complementar, diante do que estava à frente do individuo que contempla.
A utilização apenas da visão, sem um olhar critico, é o mesmo que um cego, que possui uma boa visão. Pois, aquele que não enxerga, supriu a sua deficiência apurando os outros sentidos, tornando-o capaz de uma melhor sensibilidade com o mundo. Os sentidos são fundamentais em nossa vida e cada representação de um aspecto, pode ser vista em qualquer lugar, tudo possui uma característica em nossa memória. Então cada setor da área urbana ou rural, tem o seu cheiro, a lembrança de um gosto ou de um toque, seguido de um som, que nos leva a uma visão de uma bela paisagem, nunca vista, pelos olhos. Já que estes, distraídos, não vêem a beleza das coisas mais simples e belas que o mundo nos proporciona. Como diria Albuquerque Jr, a visualização de outras dimensões e aspectos da realidade, entorpece os nossos outros sentidos. Colocando estes de lado e valorizando apenas um, dando origem a uma possível alienação visual. No qual só o exterior das coisas é admirado, enquanto o interior raramente é apreciado.

Ronyone de Araújo Jeronimo

Um comentário:

  1. Achei ótimo a sua "visão" aí xD

    Representou bem a verdade, utilizamos demais a visão, mas ver o mundo só com ela nos torna "cegos" mesmo.
    Por várias e várias vezes, tatos, sons, cheiros me levaram a memórias, lembranças.. que a visão dificilmente traria, já que o mundo que vemos é o mundo que sempre está mudando (exceto nos retratos).

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