quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Racismo é violência. Diga não!





Nosso país, hoje conhecido como Brasil carrega em suas raízes diversos tipos de culturas, fruto da colonização. Como todos sabem fomos colonizados pelo “homem branco”. Como fruto dessa colonização recebemos como apêndice uma prática da qual não temos muito que nos orgulhar: A escravidão, escravidão não só de negros, mas de indígenas entre outros. Mas o corrente texto irá tratar (como já anuncia o título) dos frutos deixados pela escravização dos negros, ou melhor o preconceito contra os negros principalmente no Brasil. Frequentemente debatemos que as raízes desse preconceito tenha sido a escravidão no Brasil, mas será que o preconceito contra os negros no Brasil é mesmo fruto da escravidão ou não seria o racismo um fenômeno de cunho mundial?

Gostaria de antemão esclarecer que eu não tenho respostas para todas as questões que serão levantadas, mas o objetivo do texto é fazer-nos refletir sobre a temática.

Com a abolição da escravatura (1888) supera-se a escravidão formal (trabalho escravo) de negros e seus descendentes no Brasil. Porém muitos obstáculos ainda hoje não foram superados. Supera-se o trabalho escravo, mas o preconceito não. O Brasil se autodenomina um país livre de racismo, que valoriza e superestima a cultura “afro-descendente”, mas no cotidiano a realidade é muito diferente.

Há quem defenda que o racismo tem origem xenofóbica se estendendo até o racismo dito. Desde o período das colonizações africanas, o colonizado acabava por se submeter ao colonizador e a áfrica foi basicamente colonizada por europeus. Daí podemos concluir que o racismo não é “privilégio” apenas do Brasil. Ouvimos constantemente as pessoas dizerem: “Ah! Mas os negros têm preconceito com eles próprios”. O relato a seguir poderá nos fazer refletir melhor sobre essa questão. Em 1947 o casal de psicólogos americanos Kenneth and Mamie Clark realiza um teste, para tentar avaliar a percepção de crianças negras, de 3 a 7 anos, em relação à discriminação, auto-estima e segregação racial. O teste se dava da seguinte forma: duas bonecas, uma negra e outra branca eram posicionadas uma ao lado da outra, o teste em si iniciava-se após as crianças identificaram prontamente a etnia das bonecas. Em seguida os psicólogos perguntavam quais bonecas elas prefeririam e quais as atribuições positivas e negativas elas relacionariam a cada uma das bonecas. O resultado do teste foi chocante, a percepção das crianças negras em relação ao sua própria etnia retrata o que ocorre em nosso cotidiano. A maioria delas agregou às bonecas valores segundo a cor ou a etnia da boneca observada. A boneca negra era caracterizada como má, feia, desagradável, enquanto que a boneca “branca” era taxada de boa, bonita e legal, dentre outros aspectos (um vídeo foi feito baseado nesse teste. O resultado pode ser conferido em: http://www.youtube.com/watch?v=PKqSPf-hKR4&feature=player_embedded).

Testes como esses nos retratam a dura realidade, frequentemente os negros são tratados como sendo maus, marginais, ladrões, quando não, são no mínimo vistos como feios. Sabemos que o que define a cor da pele é uma substância chamada melanina, quanto mais o indivíduo possui melanina mais escura é a cor da sua pele. Relembrado esse ponto questionemos como é possível que tentemos definir o caráter de um indivíduo pela quantidade de melanina existente em seu corpo. É biologicamente inconcebível que a cor da pele tenha alguma correspondência com o caráter do indivíduo.

Pesquisas realizadas por cientistas em um projeto chamado GENOMA HUMANO levam a crer, que quando o homem moderno (homo sapiens) surgiu, na África, há cerca de 150 mil anos, todas as pessoas tinham pele negra. Com a migração, para a Ásia e a Europa, foram surgindo as diferentes tonalidades. Deste modo as velhas teorias sobre a superioridade racial caem por terra.

Uma outra questão a ser levantada é a seguinte: quem é realmente Branco no Brasil? Quem tem origem cem por cento européia? Difícil responder, mas ainda que tenha, não há justificativas para o racismo, principalmente depois de cogitarmos todos termos origens africana. Acho que já foi esclarecido que as nossas origens são um tanto quanto questionáveis (se isso justificar o racismo). Mas alguém pode dizer: “eu não sou preconceituoso, apenas tenho preferência por pessoas de pele, cabelo e olhos claros”. Mas levantamos agora outra questão, o “gosto” também não é algo questionável? Um exemplo para fazer entender melhor. uma criança que cresceu em um ambiente cujos pais têm o hábito de ouvir música clássica e freqüenta o teatro provavelmente será um adulto que também irá carregar consigo as mesmas preferências que seus pais. Já uma criança que cresce em uma comunidade carente que nunca ouviu uma música clássica, mas ao contrário era acostumada a ouvir funk ou outro estilo qualquer será muito provável que esse estilo o acompanhe por toda a sua vida, não é mesmo? Então agora eu pergunto, será que o negro é realmente mais feio que o branco ou fomos nós que ouvimos isso a vida inteira também nossa família e nossos antepassados? A mídia nos apresenta o tempo todo padrões de beleza a serem seguidos e as pessoas fazem disso uma religião, não importa o quão crespo seja o seu cabelo, ele tem que ser alisado, não importa quão escuro, tem que ser pintado de loiro, se seus olhos não são azuis, apele para lentes de contato e só assim você será uma pessoa feliz. O nosso país é conhecido mundialmente por suas belas mulheres, no entanto as modelos “exportadas” são aquelas que correspondem ao padrão de beleza europeu, jamais uma indígena e muito menos um negra. O negro retratado nas telenovelas ou é morador de comunidade carente, ladrão, traficante, empregado (a) ou motorista dentre outros papéis com o intuito de solidificar a imagem do negro da forma mais pejorativa possível. E é isso que absorvemos constantemente e em nosso dia-dia, pela mídia, pelo cinema, pelos meios de comunicação em geral.

Cada etnia tem suas qualidades, mas como colonizados que somos (nós brasileiros) tenderemos a ver sempre o padrão de beleza europeu como o único digno de admiração! Devemos nos libertar das correntes do colonialismo e valorizar cada indivíduo com suas características! Eu não diria aquela frase clichê, “vamos respeitar-nos, afinal, somos todos iguais”. Mas eu diria somos todos diferentes, eis o cerne da questão. Viva as diferenças, pois padronização é um desrespeito a individualidade! A preferência de cada um deve ser respeitada, mas o preconceito (ou conceito preconceituoso), ah, isso não!  
 
Gracielle Silva

5 comentários:

  1. Gracielle Silva, estudante de graduação, cursando o quarto período do bacharelado de Ciências Sociais na UFCG. O texto foi inspirado em uma experiência, na qual a autora do texto vivenciou.

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  2. Um olhar eurocêntrico do mundo, no qual o branco deve prevalecer como uma cor superior. O texto de Gracielli expõe um dos grandes problemas da nossa sociedade, o preconceito. Algo que vem de muito tempo atrás, e por que não dizer desde o inicio da humanidade, é revoltante o vídeo colocado no texto da BBC. No qual repete o teste de 1947, em que o casal de psicólogos tinha feito, para ver o que ocorreria dessa vez. Novamente ocorrera das crianças negras exporem a preferência pela boneca branca e de se colocarem de lado na sociedade. Mostrando a superioridade branca, é de pequeno que se aprende, vendo as dificuldades e os preconceitos que surgem nesse período. Dando a uma criança negra a vontade de ser branca. Apesar de achar esse vídeo tendencioso e manipulador, sinto que de certa maneira é algo a se pensar, cito como exemplo o cantor Michael Jackson, que no seu inicio carreira, ainda criança era forçado a cantar, a partir de surras e humilhações por parte do seu pai. Este dizia o quanto aquela pobre criança era feia, por que era negro, ele próprio também era negro, mas utilizava esse método, para humilhar o pequeno Michael, que cresceu e aos poucos foi mudando sua face, tonando algo que não era, mas que supria sua vontade de mudar. O texto Gracielli me fez pensar, quantas pessoas no mundo sofre desigualdades, era tão bom se o mundo mudasse.Pense sobre as gerações e elas dizem:
    Nós queremos fazer deste mundo um lugar melhor
    Para nossos filhos
    E para os filhos dos nossos filhos.

    Para que eles vejam
    Que este é um mundo melhor para eles
    E saibam que podem
    fazer deste um lugar ainda melhor.

    Há um lugar no seu coração
    E eu sei que é amor
    E este lugar pode ser
    Muito mais brilhante do que amanhã

    Um trecho da musica heal the world de Michael Jackson, faça o mundo melhor para as próximas gerações exclua o RACISMO.

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  3. Essa música de Gabriel O Pensador expressa bem essa história do Racismo.. Sejamos menos PRECONCEITUOSO, lavagem cerebral é importante;;;
    Gracy , parabéns pelo belissimo texto...

    Racismo preconceito e discriminação em geral
    É uma burrice coletiva sem explicação
    Afinal que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
    Mas demonstra claramente
    Infelizmente
    Preconceitos mil
    De naturezas diferentes
    Mostrando que essa gente
    Essa gente do Brasil é muito burra
    E não enxerga um palmo à sua frente
    Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente
    Eliminando da mente todo o preconceito
    E não agindo com a burrice estampada no peito
    A "elite" que devia dar um bom exemplo
    É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
    Num complexo de superioridade infantil
    Ou justificando um sistema de relação servil
    E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação
    Não tem a união e não vê a solução da questão
    Que por incrível que pareça está em nossas mãos
    Só precisamos de uma reformulação geral
    Uma espécie de lavagem cerebral
    Não seja um imbecil
    Não seja um ingnorante
    Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
    O quê que importa se ele é nordestino e você não?
    O quê que importa se ele é preto e você é branco?
    Aliás branco no Brasil é difícil porque no Brasil somos todos mestiços
    Se você discorda então olhe pra trás
    Olhe a nossa história
    Os nossos ancestrais
    O Brasil colonial não era igual a Portugal
    A raiz do meu país era multirracial
    Tinha índio, branco, amarelo, preto
    Nascemos da mistura então porque o preconceito?
    Barrigas cresceram
    O tempo passou...
    Nasceram os brasileiros cada um com a sua cor
    Uns com a pele clara outros mais escura
    Mas todos viemos da mesma mistura
    Então presta atenção nessa sua babaquice
    Pois como eu já disse racismo é burrice
    Dê a ignorância um ponto final:
    Faça uma lavagem cerebral
    Negro e nordestino constróem seu chão
    Trabalhador da construção civil conhecido como peão
    No Brasil o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou quelava o chão de uma delegacia
    É revistado e humilhado por um guarda nojento que ainda recebe osalário e o pão de cada dia graças ao negro ao nordestino e atodos nós
    Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói
    O preconceito é uma coisa sem sentido
    Tire a burrice do peito e me dê ouvidos
    Me responda se você discriminaria
    Um sujeito com a cara do PC Farias
    Não você não faria isso não...
    Você aprendeu que o preto é ladrão
    Muitos negros roubam mas muitos são roubados
    E cuidado com esse branco aí parado do seu lado
    Porque se ele passa fome
    Sabe como é:
    Ele rouba e mata um homem
    Seja você ou seja o Pelé
    Você e o Pelé morreriam igual
    Então que morra o preconceito e viva a união racial
    Quero ver essa musica você aprender e fazer
    A lavagem cerebral
    O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista
    É o que pensa que o racismo não existe
    O pior cego é o que não quer ver
    E o racismo está dentro de você
    Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
    Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
    E desde sempre não para pra pensar
    Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
    E de pai pra filho o racismo passa
    Em forma de piadas que teriam bem mais graça
    Se não fossem o retrato da nossa ignorância
    Transmitindo a discriminação desde a infância
    E o que as crianças aprendem brincando
    É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
    Qualquer tipo de racismo não se justifica
    Ninguém explica
    Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural
    Todo mundo é racista mas não sabe a razão
    Então eu digo meu irmão
    Seja do povão ou da "elite"
    Não participe
    Pois como eu já disse racismo é burrice
    Como eu já disse racismo é burrice
    E se você é mais um burro
    Não me leve a mal
    É hora de fazer uma lavagem cerebral
    Mas isso é compromisso seu
    Eu nem vou me meter
    Quem vai lavar a sua mente não sou eu
    É você

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  4. Ótimo seu artigo. Achei que ele é ótimo até para uma pessoa leiga no assunto aprender um pouco sobre. Você usou contextos históricos bem colocados. Parabéns. Quem sabe você não começa a escrever um livro sobre esses assuntos né? (rsrs) Aí você me dá até um de presente autografado kkk.

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  5. Muito bom o texto de Gracielle, nenhuma surpresa, sempre percebi nela uma condição acadêmica diferenciada de quem realmente se identifica com o curso e sobretudo com esse tipo de tema.

    O tema racismo de certo é um assunto que requer varias considerações a respeito de suas causas, como esse sentimento se desenvolveu historicamente, e como se mantém tão forte ainda hoje. Recentemente ví uma pesquisa que detalhava dados específicos sobre o mercado de trabalho americano no que diz respeito a participação dos negros, fiquei espantado. No Brasil por exemplo o negro recebe metade do salario do branco, o que já é absurdo, pois bem, no EUA ele recebe 11 vezes menos que o branco e 7 vezes menos que o estrangeiro. Percebo isso, claro como reflexo de um elemento cultural forte naquela sociedade, mas não posso deixar de considerar também uma falta de ação politica capaz de tornar-se esse abismo salarial menor. Ou seja em alguns casos, e esse me parece ser um deles, a cultura serve como justificativa para a falta de atuação do estado.
    Gilson de Araújo

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