As
cartografias têm um papel extremamente significante na história da humanidade.
Desde os tempos mais antigos, alguns seres humanos já se arriscavam na
tentativa de descrever o espaço em que viviam a partir da elaboração de mapas.
Os poucos recursos, infelizmente, não permitiam que estes fossem fiéis à
realidade que o espaço proporcionava. Dessa maneira, o homem foi por muito
tempo um crédulo das cartografias com poucos recursos, que nem sempre demonstrava
a realidade, mas mesmo assim, ainda eram de grande utilidade.
Nos tempos das grandes navegações do
século XV e XVI, se iniciara um processo de desenvolvimento das técnicas
cartográficas em razão dos avanços marítimos, das descobertas e conquistas dos
europeus que muito ajudaram na construção e na elaboração de mapas mais
aprimorados, como é o caso do mapa-múndi desenhado por Henricus Martelus no
final do século XV. O historiador francês Bartolomé Bennassar irá dizer que
Henricus Martelus conseguiu desenvolver o mapa-múndi, no qual fez um desenho
excelente da Europa, desenhando também, um traçado bem próximo da realidade da
África Ocidental.
Acontece que a perfeição
cartográfica ainda não seria possível ser desenvolvida nesse período, em
virtude do desconhecimento de terras ainda não exploradas pelos europeus, e
também pela falta de propriedade material que permitisse construir um mapa
próximo da realidade. O próprio mapa-múndi de Henricus Martelus, que apesar de
alguns acertos, também mostraria falhas, como por exemplo: a forma a qual
África Austral se desloca claramente para o leste e como o mar vermelho foi
colocado como se fosse bem mais amplo do que realmente é de fato. Todavia, não
podemos julgar os erros de Martelus, já que este não possuía dados perfeitos,
mas apenas aprimorou o mapa de Ptolomeu, que serviu como fonte, além das
conquistas portuguesas que com seus relatos ajudaram no melhoramento deste
mapa.
É notório que a importância dos portugueses para renovação das técnicas
cartográficas foram, de fato, enormes, pois estes se arriscaram nos mares,
fazendo testes e experimentalismos, muito além das outras nações da Europa. E
isso permitia a estes terem posse do saber, que para Foucault, “o saber gera o
poder”. Nesse sentido, os portugueses
tinham em mãos o poder, em virtude do saber, alcançado graças às experiências e
aos mapas que foram desenhados próximo da realidade, que os ajudaram a
desembarcar em qualquer lugar do mundo, e assim saber o trajeto de volta para
casa.
Assim,
ao destacar a importância dos mapas para a construção do mundo como conhecemos
hoje, as cartografias podem servir como material histórico, tendo em vista que
eles são fontes que podem ser utilizadas como comprovação de fatos. Além disso,
o conhecimento das cartografias ajuda ao historiador e muitos estudiosos, a
relatarem o espaço, sem cometer equívocos, mesmo se baseando em antigos, mas
sempre comparando com o mapa do globo que possuímos hoje. Desse modo, os mapas
esclarecem, em certo sentido, o sentimento geográfico que as civilizações
tinham sobre o seu entorno, tendo em vista que tentavam construir as suas
espacialidades para se localizarem nesse mundo, sem nem mesmo o conhecer por
completo.
Ronyone de Araújo Jeronimo
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