Pensar a juventude brasileira, na atualidade, exige refletir sobre uma série de aspectos que foram cruciais na formação de novos problemas, novas abordagens e perspectivas de compreensão sobre essa temática. De modo geral, é preciso que se considerem os aspectos econômicos, políticos, sociais, culturais, etc., que definiram uma nova face para essa parcela da população.
Cabe atentar para o fato de que não
podemos mais pensar a juventude e entendê-la de forma homogênea, pois há
importantes variantes no que diz respeito a sua identidade (ou melhor, identidades)
e os modos de expressão que adota.
Segundo Pierre Bourdieu (1983, apud
Barrientos-Parra) “(...) não existe uma juventude, mas multiplicidade delas,
tantas quantas são as tribos existentes”. Desse modo, é importante ressaltar
que para uma população cada vez mais crescente cabe ao Estado destinar
políticas públicas que subsidiem e proporcionem condições efetivas para o
desenvolvimento integral dessa parcela da população.
Desde 2005 que, no Brasil, tem sido
pensada uma Política Nacional de Juventude, cujo principal objetivo é elaborar
diretrizes, objetivos estratégicos, eixos e critérios para que sejam formuladas
e implementadas políticas sociais eficientes e que possam dar condições para
que a juventude brasileira se desenvolva integralmente.
Neste mesmo ano, houve a criação da
Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) e do Conselho Nacional de Juventude
(CONJUVE), fazendo com que o Brasil fosse o primeiro na América Latina a contar
com um conselho destinado aos jovens. “Composto por 60 membros, dos quais 40
são da sociedade civil, o Conjuve veio reforçar ainda mais a democracia
participativa, que ganhou destaque ainda maior com a realização da I
Conferência Nacional de Juventude, em
2008, em Brasília. O evento mobilizou mais de 400 mil jovens e adultos em todo
o país e resultou em um documento com 70 resoluções e 22 prioridades que devem
nortear as ações para a juventude em
nível federal, estadual e municipal”.
Se, para as crianças e os
adolescentes o Estado deve adotar uma postura absolutamente protetora, tendo em
vista a fase peculiar de desenvolvimento dessa população, para os jovens é
preciso que seja lançado outro tipo de olhar. Para estes, devem ser pensadas estratégias
para oportunizar a sua entrada na vida adulta com segurança e perspectivas de
futuro, pensando a sua possibilidade de interlocução e tomada de decisões.
Tendo em vista a elaboração de um
marco legal específico para as políticas públicas de juventude, tramita
atualmente no Senado Federal o Projeto de Lei da Câmara – PLC 98/2011. A
iniciativa surgiu na Câmara dos Deputados e para que se torne lei necessita de
aprovação no Senado e a sanção da presidenta.
Este projeto visa instituir o
Estatuto da Juventude e o Sistema Nacional de Juventude. Pelo projeto “são
considerados jovens as pessoas com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove)
anos”.
Cabe analisar que a juventude não
pode ser pensada apenas em termos de faixa etária, tendo em vista que os
direitos desse segmento “(...) baseiam-se na especificidade da condição juvenil
constata-se que os jovens têm características singulares físicas, psicossociais
e de identidade que demandam uma atenção especial por parte da sociedade e do
poder público.” (Barrientos-Parra, 2004, p. 137).
Um aspecto que consta no texto do
projeto de lei e que assume uma importância crucial na formação da autonomia
juvenil diz respeito à participação social. O texto diz que “(...) o Estado e a
sociedade promoverão a participação juvenil na elaboração de políticas públicas
para a juventude e na ocupação de espaço público de tomada de decisão como
forma de reconhecimento do direito fundamental à participação”.
Desse modo, notamos que existe a
possibilidade de mudança de paradigma quanto à ação estatal, pois “Significa
passar das tradicionais políticas ‘para’
a juventude, isto é, políticas concebidas pelos governos direcionadas aos
jovens, para políticas de juventude,
isto é, políticas concebidas e elaboradas com a participação direta dos jovens,
por meio de estruturas jurídicas reconhecidas pelo Poder Público, como
conselhos e coordenadorias da juventude” (Idem, p. 140).
Podemos dizer, então, que a
juventude brasileira passa por uma fase de intensas mudanças em termos de
reconhecimento por parte do Estado, inserção na política, geração de
estratégias de incidência e participação e, também, de expressão do seu rosto
multicolorido e plural.
Vivemos uma fase onde há espaços de
participação cuja influência pode ser determinante para os caminhos dos jovens
no nosso país. Cabe, contudo, promover espaços de formação política para que os
jovens possam atuar enquanto protagonistas de sua história, abrindo novos
caminhos e (re) inventando possibilidades novas de um futuro melhor.
José dos Santos Costa Júnior, graduando do curso de História pela UFCG
Um bom texto informativo sobre ações voltadas para a inserção participativa dos jovens em suas variadas nuances. Boa iniciativa. Parabéns, Júnior!
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