Os
jogos olímpicos que novamente estamos tendo a oportunidade de acompanhar chegam
à sua trigésima edição da era moderna. Na antiguidade, mais precisamente na
Grécia, eram disputadas diversas competições entre as cidades estados (Polis), sendo
denominadas de olimpíadas.
As
olimpíadas da era moderna se iniciaram em 1896, em Atenas, Grécia. Apenas 14
nações estiveram presentes competindo nas 43 modalidades de esportes. O evento
cresceu ao longo do tempo e hoje é uma das maiores competições esportivas da
atualidade e que engloba mais de 200 nações. As olimpíadas que estamos
acompanhando, possui uma imensa mídia televisiva que transmite as competições, de
modo que não é preciso ir até Londres para acompanhar os jogos, já que na sua
casa, você poderá assistir as diversas práticas esportivas que acontecem. Nas
olimpíadas, inúmeras histórias de superação, de garra e de força também serão
relatadas. Algumas dessas atividades terão, certamente, um enorme valor social,
político, como também histórico.
Em
razão desses acontecimentos que se fazem presente nas olimpíadas, poderíamos
destacar muitas representações que tiveram destaque. Mais uma em especial me
chama atenção, pelo fato de toda relação histórica que fora criada, que remetia
até mesmo uma referência a Roma antiga, que fora um fator preponderante para o
encerramento dos jogos olímpicos que existiam na antiguidade, pelo fato dos romanos
imporem sua influência sobre os gregos tirando o brilho dos jogos.
Chegada
à era moderna, mostrando toda sua beleza turística, como também seu valor
histórico para a humanidade, Roma sediaria os jogos olímpicos no ano de 1960. O
evento seria marcado pela vitória da antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviética) no quadro de medalhas dos jogos, uma vitória socialista em
território capitalista. No entanto, para os italianos aliados ao bloco
capitalista comandado pelos Estados Unidos, a vitória soviética não tivera
tanta representação que uma determinada modalidade esportiva tivera no evento.
A
modalidade que queria destacar é a maratona. Esta é tida como uma das provas
mais tradicionais do atletismo, sendo a que mais cobra do atleta, pelo fato de
serem exigidos 42 km de corrida. A maratona é a prova que encerra
tradicionalmente os jogos olímpicos. Em Roma não foi diferente, porém, a referida
competição pela primeira vez seria realizada a noite. O fim da prova seria ao
lado do Coliseu, e a linha de chegada ficaria bem próxima do Arco de
Constantino.
A
prova recebeu 69 competidores e entre eles estaria uma figura, a qual a
história mostraria aos italianos, todo um orgulho que fora ferido alguns anos
atrás em razão da invasão fascista italiana a Etiópia, no ano de 1935, promovida
pelo general Benito Mussolini, que também governava de forma ditatorial a
Itália. As tropas italianas partiram do Arco de Constantino para conquistar a
Etiópia, país pobre da África, mas que em sua história nunca tivera sob o jugo
de um colono, exceto, “Uma curta ocupação da Itália entre 1935 a 1945, a
Etiópia nunca fora colonizada.” (Munanga e Gomes, 2006). Essa invasão seria lembrada 25 anos depois,
por um atleta, que era uma criança no momento desta invasão.
No ano de 1932 nascia Abebe Bikila, filho de família pobre, na Etiópia. Vira seu país ser invadido pelos italianos, que causaram muitos problemas a um país, onde sua população já vivia em condições desfavoráveis. O pai de Bikila fazia parte da guarda do Rei Hailé Selassié, o mesmo a qual Bikila se tornaria guarda. O seu alistamento a guarda imperial, aconteceu em função de subsistência, já que o cargo dava o mínimo de condição para sobreviver. Esta era uma forma a qual Bikila garantiria seu sustento. Este não imaginava que aos 17 anos iria se tornar um atleta mundialmente conhecido, pois o seu contato com atletismo só viria aos 24 anos de idade. Quem descobriu o seu talento foi o treinador sueco Onni Niskanen, que fora contratado pelo governo Etíope para revelar corredores talentosos. Este viu em Bikila todo um potencial, acontece que Bikila só seria integrado à equipe que foi a Roma, graças à infelicidade de um atleta etíope que torceu o joelho. Abebe Bikila foi à Roma e lá caminhando pela cidade observou o obelisco de Axum que fora pilhado pelos italianos na guerra. Trata-se de um monumento que fora levantado no século IV, e posteriormente desmontado e levado para Itália. Bikila reparou que o obelisco fica 1,5 Km da linha de chegada: era ali onde ele dispararia.
O treinador de Abebe Bikila alertou que o seu maior concorrente era um marroquino que estaria utilizando o numero 26. No entanto, este competidor por outro motivo correu com o número 185. Esta mudança de número fora bastante incentivante para Bikila, que decidiu correr descalço, em razão do patrocinador da competição, a Adidas, não ter um tênis a qual o atleta achasse confortável aos pés. Porém, ao final da prova Bikila explicaria a razão de correr descalço. Correndo a noite e sendo iluminado por tochas seguradas por policiais da cidade, Bikila corria acompanhado pelo numero 185, a qual tinha sido alertado pelo treinador. Só que Abebe Bikila não tinha sido informado das mudanças de números, e o etíope apertava o passo buscando o 26, sendo que ele estava ao lado dele. Essa disputa acabou sendo entre Bikila consigo próprio, e isso acabou deixando o marroquino para trás. O ponto a qual Abebe Bikila arrancaria para vitória lembrava seu povo. Passando ao lado do Coliseu, e cada vez mais próximo da vitória, o corredor começou a ver olhares que na sua infância o oprimia, mas que agora o aplaudia. Nesse sentido, não era apenas Bikila que era aplaudido, mas toda a Etiópia que fazia jus em forma de homem. Bikila segue correndo mesmo depois da linha de chegada, e dessa maneira se tornava assim o primeiro negro africano a ganhar uma medalha de ouro nos jogos olímpicos. Mas só isso não bastava para esse grande atleta, o motivo de correr após a linha de chegada se deu em virtude de que fora justamente nesse local, debaixo do Arco de Constantino, que Mussolini partiu para invadir a Etiópia. Desse modo, ao dançar* nesse mesmo local, Abebe Bikila não comemorava apenas o seu feito, mas era a vitória do seu povo sobre a Itália.
Após a corrida, Abebe Bikila explicou por que correu descalço "queria que o mundo soubesse que meu país, a Etiópia, sempre tinha conseguido suas vitórias com heroísmo e determinação". Em seu país Bikila foi recebido como um herói, tanto que o rei Hailé Selassié da Etiópia promoveu o atleta, que já era seu guarda a função de cabo. O mesmo presenteou o atleta com um anel de diamante que possuía uma frase que destacava o novo slogan que a Etiópia assumira a partir daquele momento: “Enquanto Mussolini precisou de milhões de soldados para conquistar a Etiópia, nós só precisamos de um para conquistar Roma”A conquista de uma cidade histórica por um único homem, só aconteceria em função do esporte. E é isso que torna os jogos olímpicos um evento tão marcante e significativo.
* Vitória de Abebe Bikila: http://mais.uol.com.br/view/ofj6vrny8naf/abebe-bikila-campeao-da-maratona-de-roma1960-04024D99336ACCA12326?types=A
Ronyone de Araújo Jeronimo
No ano de 1932 nascia Abebe Bikila, filho de família pobre, na Etiópia. Vira seu país ser invadido pelos italianos, que causaram muitos problemas a um país, onde sua população já vivia em condições desfavoráveis. O pai de Bikila fazia parte da guarda do Rei Hailé Selassié, o mesmo a qual Bikila se tornaria guarda. O seu alistamento a guarda imperial, aconteceu em função de subsistência, já que o cargo dava o mínimo de condição para sobreviver. Esta era uma forma a qual Bikila garantiria seu sustento. Este não imaginava que aos 17 anos iria se tornar um atleta mundialmente conhecido, pois o seu contato com atletismo só viria aos 24 anos de idade. Quem descobriu o seu talento foi o treinador sueco Onni Niskanen, que fora contratado pelo governo Etíope para revelar corredores talentosos. Este viu em Bikila todo um potencial, acontece que Bikila só seria integrado à equipe que foi a Roma, graças à infelicidade de um atleta etíope que torceu o joelho. Abebe Bikila foi à Roma e lá caminhando pela cidade observou o obelisco de Axum que fora pilhado pelos italianos na guerra. Trata-se de um monumento que fora levantado no século IV, e posteriormente desmontado e levado para Itália. Bikila reparou que o obelisco fica 1,5 Km da linha de chegada: era ali onde ele dispararia.
O treinador de Abebe Bikila alertou que o seu maior concorrente era um marroquino que estaria utilizando o numero 26. No entanto, este competidor por outro motivo correu com o número 185. Esta mudança de número fora bastante incentivante para Bikila, que decidiu correr descalço, em razão do patrocinador da competição, a Adidas, não ter um tênis a qual o atleta achasse confortável aos pés. Porém, ao final da prova Bikila explicaria a razão de correr descalço. Correndo a noite e sendo iluminado por tochas seguradas por policiais da cidade, Bikila corria acompanhado pelo numero 185, a qual tinha sido alertado pelo treinador. Só que Abebe Bikila não tinha sido informado das mudanças de números, e o etíope apertava o passo buscando o 26, sendo que ele estava ao lado dele. Essa disputa acabou sendo entre Bikila consigo próprio, e isso acabou deixando o marroquino para trás. O ponto a qual Abebe Bikila arrancaria para vitória lembrava seu povo. Passando ao lado do Coliseu, e cada vez mais próximo da vitória, o corredor começou a ver olhares que na sua infância o oprimia, mas que agora o aplaudia. Nesse sentido, não era apenas Bikila que era aplaudido, mas toda a Etiópia que fazia jus em forma de homem. Bikila segue correndo mesmo depois da linha de chegada, e dessa maneira se tornava assim o primeiro negro africano a ganhar uma medalha de ouro nos jogos olímpicos. Mas só isso não bastava para esse grande atleta, o motivo de correr após a linha de chegada se deu em virtude de que fora justamente nesse local, debaixo do Arco de Constantino, que Mussolini partiu para invadir a Etiópia. Desse modo, ao dançar* nesse mesmo local, Abebe Bikila não comemorava apenas o seu feito, mas era a vitória do seu povo sobre a Itália.
Após a corrida, Abebe Bikila explicou por que correu descalço "queria que o mundo soubesse que meu país, a Etiópia, sempre tinha conseguido suas vitórias com heroísmo e determinação". Em seu país Bikila foi recebido como um herói, tanto que o rei Hailé Selassié da Etiópia promoveu o atleta, que já era seu guarda a função de cabo. O mesmo presenteou o atleta com um anel de diamante que possuía uma frase que destacava o novo slogan que a Etiópia assumira a partir daquele momento: “Enquanto Mussolini precisou de milhões de soldados para conquistar a Etiópia, nós só precisamos de um para conquistar Roma”A conquista de uma cidade histórica por um único homem, só aconteceria em função do esporte. E é isso que torna os jogos olímpicos um evento tão marcante e significativo.
* Vitória de Abebe Bikila: http://mais.uol.com.br/view/ofj6vrny8naf/abebe-bikila-campeao-da-maratona-de-roma1960-04024D99336ACCA12326?types=A
Ronyone de Araújo Jeronimo
Abebe Bikila é sem dúvida um exemplo de superação e força de vontade. Ele não precisou de armas, nem passar por cima de ninguém para atingir sua meta. A sua determinação o levou ao ouro, mesmo de pés descalços...
ResponderExcluirA vitória, como você bem colocou Rony, não foi apenas dele, mas do seu próprio povo que sentira o gosto amargo da invasão fascista anos atrás. Bikila, como ele mesmo diz, queria que o mundo soubesse que o seu país,a Etiópia, em sua toda sua história havia alcançado suas vitórias com heroísmo e determinação. E o feito desse atleta demonstra que não é necessário de armas para se conquistar suas metas, basta apenas força de vontade, velocidade e pés descalços para atingir o alto do pódio. Salve Bikila!!!