É interessante como um filme, seja qual for, move determinados elementos que por vezes passam despercebidos por quem o assiste. Em razão disso, faremos um breve comentário acerca do vídeo “Mensagens Subliminares em O Show de Truman” (http://www.youtube.com/watch?v=RyUmN8t9qBU) à luz da abordagem feita por Adorno e Horckeimer.
O filme, de um modo geral, de acordo com a indústria cultural, é um bem simbólico produzido para o consumo dos indivíduos, baseada na razão técnica instrumental que resulta na padronização e produção em série de bens culturais. O processo de elaboração de um filme é previamente esquematizado por quem o produz. Nada que o consumidor classifica, não deixa de passar pelos esquemas da produção. Tudo que é passado para os indivíduos é antes planejado por seus produtores. Ou seja, nada está ali por acaso, e no caso de “O Show de Truman”, tudo fora planejado para que fosse desenvolvida a história. Adorno e Horckeimer, afirmam que “quanto maior a perfeição com que suas técnicas duplicam os objetos empíricos, mais fácil se torna hoje obter a ilusão de que o mundo exterior é o prolongamento sem ruptura do mundo que se descobre o filme” (p.104)
No vídeo, podemos perceber que a apresentação de diversos elementos é apresentada de acordo com as ideias ou concepções de que o próprio produtor tem em si. Um exemplo disso mostrado no vídeo é a inserção de elementos da maçonaria, que a todo o momento são mostrados no filme, como as duas colunas de Jackin e Boaz, que é o símbolo para acessar outras dimensões e fugir do mundo de Deus, segundo os produtores do vídeo, que atravessam o desenrolar da trama protagonizada por Jim Carrey que vive em um reality show sem ter noção disso.
Adorno e Horkheimer afirmam que desde a introdução do filme sonoro, a produção mecânica é tudo planejamento antecipado, que limita os indivíduos de pensarem, como uma forma de adestramento que atrofia a capacidade imaginativa, tendo em vista, que o filme, sendo ele esquematizado, coloca tudo em nossa disposição, de modo que não precisamos raciocinar nem estabelecer um pensamento crítico e questionador, pois tudo está posto, dado. O indivíduo se torna prisioneiro dos esquemas propositalmente dados, impossibilitando sua capacidade imaginativa, reflexiva, de forma que este tem sua mente anestesiada.
O filme de certo modo, serve para entreter, para refletir símbolos, e também para influenciar subliminarmente. Assim como Truman, que é manipulado antes de ter o conhecimento da verdade de como vive, somos também levados a sermos manipulados pela mídia, na medida em que apenas introjetamos o seu conteúdo sem nenhuma reflexão acerca do que está sendo posto. Dessa forma, percebemos que a indústria cultural impede a formação de indivíduos autônomos, capazes de decidir, questionar e julgar de forma consciente.
Gláucia Santos de Maria